quarta-feira, 1 de agosto de 2018

DISSERTAÇÃO


Como fazer uma boa dissertação


Para realizar uma boa dissertação, tratando um assunto com propriedade, não basta escrever bem: é preciso ampliar seu conhecimento de mundo para que seu repertório seja amplo e você possa dominar os temas propostos. Nesse momento, o mais importante é o treinamento constante.

Orientações básicas
Dissertar consiste no ato de expor de modo sistemático, oralmente ou por escrito, algum assunto. Essa modalidade de redação costuma ser pedida em quase todos os processos seletivos atuais.

Em geral, o texto dissertativo-argumentativo solicitado pretende avaliar, além da competência linguística escrita do candidato, seu repertório cultural, sua visão de mundo, exigindo, desse modo, um posicionamento consistente em relação ao tema apresentado.

Título
Caso seja pedido nas instruções da prova, o título não pode ser esquecido. Ele deve ser inspirado no conteúdo do texto e não no tema.

Espaços
O ideal é “pular” uma linha entre o título e o início do texto. Se não houver título, deve-se começar a escrever já na primeira linha. O tradicional espaço no início dos parágrafos deve ser respeitado, com as linhas sendo ocupadas inteiramente.

Dimensões
O tamanho da redação poderá estar indicado nas instruções da prova  e o aluno deve obedecer a ele, mas, se não houver instruções quanto a isso, convém que o texto se estenda entre 25 e 30 linhas, já que esse tamanho é suficiente para comportar uma boa dissertação.

A extensão dos parágrafos depende do que se quer analisar neles, independentemente de se tratar de parágrafo introdutório, argumentativo ou conclusivo. A diferença de tamanho de um parágrafo qualquer para outro não deve ser tão grande, para que não haja assimetria, a fim de que o texto pareça uniformemente estruturado. Em geral, esse tipo de texto é construído entre quatro e seis parágrafos.

Os períodos devem ter limitação de tamanho, pois é notório que períodos muito longos podem possibilitar erros de concordância, de pontuação e falhas de clareza.

Dicas para uma boa dissertação
Aconselha-se a evitar o uso da primeira pessoa do singular, tendo em vista o teor da dissertação, que se assemelha ao trabalho jornalístico ou ao trabalho científico. A primeira pessoa do plural pode ser usada, desde que não denote subjetividade, mas em tom coletivo, em expressões como “nossa sociedade”, “nosso planeta” etc.

Linguagem
A linguagem ideal para a dissertação é a chamada jornalística: objetiva, informativa, aquela em que predomina a função referencial. O uso de gíria, estrangeirismo, siglas e abreviaturas deve ser evitado, embora haja circunstâncias em que o emprego é possível, dependendo do suporte em que o texto vai circular e o tipo de interlocutor.

Adequação ao gênero
O aluno deve estar atento ao gênero textual proposto para a execução da prova, em que predomina o texto dissertativo-argumentativo, semelhante ao gênero artigo de opinião.

Adequação ao tema
Todas as ideias veiculadas no texto devem convergir para o desenvolvimento do tema e ser pertinentes a ele, portanto é de fundamental importância compreendê-lo antes de começar a esquematizar o projeto de texto.

Estrutura: introdução, desenvolvimento, conclusão
O texto dissertativo estrutura-se em, basicamente, três partes:

Introdução – em que se apresenta ao leitor o tema e a posição defendida pelo autor acerca da questão (tese);
Desenvolvimento – em que o autor desenvolve o tema, defendendo, por meio de argumentação sólida e raciocínio lógico, seu posicionamento (tese);
Conclusão – o fechamento do texto, que pode sintetizar as principais ideias discutidas, confirmando a tese, ou apresentar proposta de solução para o tema em debate.
Por: Renan Bardine

Como fazer uma boa dissertação

Para realizar uma boa dissertação, tratando um assunto com propriedade, não basta escrever bem: é preciso ampliar seu conhecimento de mundo para que seu repertório seja amplo e você possa dominar os temas propostos. Nesse momento, o mais importante é o treinamento constante.

Orientações básicas

Dissertar consiste no ato de expor de modo sistemático, oralmente ou por escrito, algum assunto. Essa modalidade de redação costuma ser pedida em quase todos os processos seletivos atuais.
Em geral, o texto dissertativo-argumentativo solicitado pretende avaliar, além da competência linguística escrita do candidato, seu repertório cultural, sua visão de mundo, exigindo, desse modo, um posicionamento consistente em relação ao tema apresentado.

Título

Caso seja pedido nas instruções da prova, o título não pode ser esquecido. Ele deve ser inspirado no conteúdo do texto e não no tema.

Espaços

O ideal é “pular” uma linha entre o título e o início do texto. Se não houver título, deve-se começar a escrever já na primeira linha. O tradicional espaço no início dos parágrafos deve ser respeitado, com as linhas sendo ocupadas inteiramente.

Dimensões

O tamanho da redação poderá estar indicado nas instruções da prova e e o aluno deve obedecer a ele, mas, se não houver instruções quanto a isso, convém que o texto se estenda entre 25 e 30 linhas, já que esse tamanho é suficiente para comportar uma boa dissertação.
A extensão dos parágrafos depende do que se quer analisar neles, independentemente de se tratar de parágrafo introdutório, argumentativo ou conclusivo. A diferença de tamanho de um parágrafo qualquer para outro não deve ser tão grande, para que não haja assimetria, a fim de que o texto pareça uniformemente estruturado. Em geral, esse tipo de texto é construído entre quatro e seis parágrafos.
Os períodos devem ter limitação de tamanho, pois é notório que períodos muito longos podem possibilitar erros de concordância, de pontuação e falhas de clareza.

Dicas para uma boa dissertação

Aconselha-se a evitar o uso da primeira pessoa do singular, tendo em vista o teor da dissertação, que se assemelha ao trabalho jornalístico ou ao trabalho científico. A primeira pessoa do plural pode ser usada, desde que não denote subjetividade, mas em tom coletivo, em expressões como “nossa sociedade”, “nosso planeta” etc.

Linguagem

A linguagem ideal para a dissertação é a chamada jornalística: objetiva, informativa, aquela em que predomina a função referencial. O uso de gíria, estrangeirismo, siglas e abreviaturas deve ser evitado, embora haja circunstâncias em que o emprego é possível, dependendo do suporte em que o texto vai circular e o tipo de interlocutor.

Adequação ao gênero

O aluno deve estar atento ao gênero textual proposto para a execução da prova, em que predomina o texto dissertativo-argumentativo, semelhante ao gênero artigo de opinião.

Adequação ao tema

Todas as ideias veiculadas no texto devem convergir para o desenvolvimento do tema e ser pertinentes a ele, portanto é de fundamental importância compreendê-lo antes de começar a esquematizar o projeto de texto.

Estrutura: introdução, desenvolvimento, conclusão

O texto dissertativo estrutura-se em, basicamente, três partes:
  • Introdução – em que se apresenta ao leitor o tema e a posição defendida pelo autor acerca da questão (tese);
  • Desenvolvimento – em que o autor desenvolve o tema, defendendo, por meio de argumentação sólida e raciocínio lógico, seu posicionamento (tese);
  • Conclusão – o fechamento do texto, que pode sintetizar as principais ideias discutidas, confirmando a tese, ou apresentar proposta de solução para o tema em debate.
Por: Renan Bardine

domingo, 10 de junho de 2018

Leitura de crônicas



O Solitário



No solitário, a reclusão, ainda que absoluta e até ao fim da vida, tem muitas vezes por princípio um amor desregrado da multidão e tanto mais forte do que qualquer outro sentimento, que ele, não podendo obter, quando sai, a admiração da porteira, dos transeuntes, do cocheiro ali estacionado, prefere jamais ser visto e renunciar por isso a toda e qualquer actividade que o obrigue a sair para a rua.



Arrependimento



Talvez possamos um dia nos arrepender do que fizemos...
Mas o arrependimento é sinal de que não tivemos medo de tentar...
E daí se as coisas não deram certo como deveriam...
E daí se não era bem o que queríamos?
E nossa vida segue... para tentarmos e errarmos muitas vezes...
Isso é viver e aprender.

Você espera de mim uma atitude que te convença algo que eu não tenho como dúvida.
Se você fecha os olhos para não ver, não me culpe por isso...
Compartilhar a minha vida e minha verdade está ao seu alcance, basta que para isso você queira, mas não arranje artifícios para justificar seus medos e dúvidas, pois isso só afastará nossa amizade, mas deixará um vazio que nunca mais conseguiremos preencher.

                                                                                                                 Wandréia Carneiro



É PRECISO SABER DESLIGAR

Esqueça o trânsito caótico, a urucubaca política, o tal balancete no final do ano. Deixe de lado a cobrança interna, a dívida externa, a tão eterna dúvida. Viver é assim. Não há como negar. Para ficar ligado é preciso saber desligar. Fácil? Nem tanto. Descobrir qual é o seu tempo é tarefa nobre: exige um grande conhecimento sobre si mesmo. Portanto, esqueça o relógio. Seu tempo está dentro de você. Chega de viver com a ansiedade no colo e o celular na mão. Não deixe a agenda ocupar ? sem querer - o lugar do coração. Respeite sua hora. Desacelere. TURN OFF. Mais do que correr, é preciso saber parar. Não adianta viver no piloto-automático e deixar de sorrir. Nem tirar folga e levar uma enorme culpa dentro da mala. O mundo lá fora exige produtividade e imediatismo. Aqui dentro, corpo e alma pedem menos, muito menos. Como fazer, então, para conciliar tempos tão diferentes? A resposta não está em livros. Mas dentro de cada um. Quer tentar? Respire fundo. Desencane. Perca seu tempo com você!É uma responsabilidade enorme desconectar-se, eu sei. Mas vida ao vivo é pra quem tem coragem. Coragem de arriscar. Cuidado em saber a hora certa de parar. Difícil? Pode ser. É um exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que somos e acreditamos. Uma aceitação suave dos próprios defeitos, um rir de si mesmo, um desaprender contínuo, um aprender sem fim sobre o que queremos da vida. Não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara para você. Esqueça. Se esqueça. Hora de se perdoar. RENASÇA. Eu sei pouca coisa da vida, mas uma frase eu sigo à risca: é preciso respeitar o próprio tempo. E eu respeito! Acredito no que diz o silêncio na hora em que a mente cala. E meu silêncio - que não é mudo e também escreve - dita com voz desafiante: confie em si mesma. Quebre a rigidez. Ouse. Brinque. Viva com mais leveza. E - por favor - desligue-se. Só assim você vai transformar vida em letra e letra em vida. E ter coragem e fôlego pra ser VOCÊ, no momento em que o mundo te atropelar sem licença e disser: CHEGOU A HORA!

Fernanda Mello



A Ultima Crônica



A caminho de casa, entro
num botequim da Gávea
para tomar um café junto
 ao balcão. Na realidade
estou adiando o
momento de escrever. A perspectiva me
assusta. Gostaria de
 estar inspirado, de
 coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora

de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente

retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto

ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera.

A filha aguarda também, atenta como um animalzinho.

Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na

fatia do bolo.

E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observa-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última cronica: que fosse pura como esse sorriso.


                                          

          Luís Fernando Veríssimo



O melhor amigo

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio



ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse
Para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.
– Meu filho? – gritou ela.
– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido,tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada…
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la.Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
– Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.
– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!
– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou
esperando a reação da mãe.
– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Você não é todo mundo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não
faço mais nada.
– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
– Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais
ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa
– Pronto, mamãe!
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
– Eu devia ter pedido cinqüenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.

                                                                                  Fernando Sabino



Diálogo pós-morte



- Alô ?
- Sim.
- Maria ?
- É ela mesma, quem fala ?
- É o José...
- Ah, sim, tudo bem ? Que que aconteceu ? Tá com a voz estranha...
- Eu estou bem sim, mas...não sei como te falar isso...
- Ora, fale logo! Está me deixando preocupada !
- O Joaquim...teu irmão...faleceu essa madrugada...
- Ah meu Deus...
- Ele morreu dormindo, não sentiu nada. Não se preocupe
- ...
- De manhã quando acordamos, não vimos ele lendo o jornal. Estranhamos e fomos ao quarto ver o que havia acontecido. Ele estava deitado, meio encolhido. Parecia mais calmo que nunca.
- Meu Deus...Não nos falávamos há anos ! Vocês já sabem como ou porquê aconteceu ?
- Disseram que o coração parou. Só isso.
- Meu Deus...
- Ele viveu bem. Não passou sequer uma semana doente. Não sofreu. Morreu dormindo. Eu mataria para morrer dormindo e sem sofrer como ele...
- Sim, ao menos isso...morreu dum jeito bom, se é que isso existe.
- O velório será naquele cemitério que o vô de vocês tá enterrado. Nunca lembro o nome daquele lugar.
- Ah, sei onde é.
- Vai ser amanhã às nove da noite.
- Às nove da noite ?
- Sim...
- Não tem como ser mais cedo ?
- Não, aparentemente muita gente morreu e os horários estão reservados.
- Até quando você morre tem que ficar na fila ! Esse mundo...
- É...
- Mas olhe, aquela lanchonete de lá fica aberta até essas horas ?
- Acho que sim.
- Que bom, não agüento essas coisas sem tomar um cafézinho. Sabe como é...
- Sei sim. Então você vai ?
- Acho que sim, tenho que ver se arranjo alguém pra gravar a novela para mim, senão não sei como farei...
- Ah, entendo...
- Até amanhã, filho. Você serviu meu irmão muito bem todos esses anos. Deixou de ser caseiro e virou um irmão. Obrigado.
- Magina, não fiz mais que minha obrigação. Até amanhã

(Desligam os telefones)

- Maldita velha hipócrita...



Da arte de nascer e viver

Você está instalado confortavelmente no ventre da mãe, que lhe provém de tudo, no morno entorno do útero, e ainda assim, de vez em quando lhe dá uns coices.
Você começou de um ovo, com a união do espermatozóide com o óvulo. A princípio, era uma coisa insignificante, e chegou a ser quase um peixe, com guelras. Foi evoluindo para a forma humana, enquanto a barriga da mãe também estufava cada vez mais.
Até que nove meses depois (ou menos, para alguns apressadinhos), começaram em torno de você uns empurrões para botá-lo para fora, quando não sabia ainda que havia um fora, mas só um dentro. Os empurrões tornaram-se insuportáveis, até que você botou a cabeça para fora, e alguém o agarrou pelo pescoço e pelos ombros e o arrancou do lugar onde você estava antes tão bem.
Este parteiro, ou parteira, ainda por cima, segurando-o pelos pés, dá-lhe umas palmadas na bunda, para que você chore e respire. Foi a primeira agressão que você sofreu, das muitas que receberá ainda durante o resto da vida. Cortaram-lhe então o cordão umbilical e o amarraram, para que você se desligasse de sua mãe, que estava inundada de suor e gemia. Limpado, foi embrulhado e posto nos braços da mãe, que logo lhe ofereceria os seios túrgidos, para que você mamasse.
Mais alguns dias, e você já mama com furor, o leite escorrendo da boca, e ainda dá umas cabeçadas naqueles seios, para que saia mais leite. Depois, outra palmadinha nas costas, e você arrota. É um menino! Ou é uma menina! gritaram as pessoas em torno. E você quase imediatamente recebe um nome que não escolheu, e tão desastrosamente às vezes escolhido, que você o carregará com vergonha pelos anos a fora.
Principia então suportar a burocracia em que estará envolvido durante anos e anos: você vai ser registrado no Cartório das Pessoas Naturais, e batizado numa igreja e numa religião de que nunca ouviu falar.
Ainda bem que, nos primeiros meses, você apenas mame, dorme, chore e desperte. E começa então a enxergar. Vê vultos ao seu redor, e que logo se delinearão, e você reconhece primeiramente a sua mãe, pelo seu cheiro, e pelo calor de seu corpo.
Escuta barulhos, estouros e, para acalmá-lo, metem-lhe um bico de borracha na boca, até, que já mais crescidinho, retiram-lhe o bico, e você vai aprendendo confusamente que a vida é uma negação das coisas de que gostava.
As pessoas então começam a ensiná-lo a falar a sua língua, as palavras. Você aprende o alemão, o francês, o italiano, ou o português, conforme o lugar em que nasceu. Aprende também palavrões, mas imediatamente o repreendem ou lhe dão palmadas, se os repetir.
Você já se arrasta pelo chão e, logo mais, começará a ficar de pé, como os outros. Enquanto isso, inábil, leva tombos.
Já enxerga, fora, as árvores, os passarinhos; vê a chuva que cai; sente o calorão do Verão e o frio do Inverno. Vestem-no de roupa.
Familiariza-se com os bichos, com o cachorro, com o gato, com as galinhas e com o galo. Também, já está comendo, às colheiradas, papinhas, pois o leite dos seios da mãe vai sendo cortado. Recebe presentes, como o ursinho de pelúcia. Recebe também beliscões inexplicáveis. É-lhe imposto saber que existem regras a ser observadas, e que você não o fez. É proibido mijar na cama.
Alguns anos a mais, você é levado à escola, para aprender besteiras. Mais tarde ainda, ouvirá falar do Binômio de Newton, e da hipotenusa.  E terá de se defender dos meninos mais crescidos, que o agridem.
Já então, sabe ler e escrever, e escreve nos muros.
De calças compridas, admoestam-no de que é preciso trabalhar, para viver. E se você recalcitra, exclamam: “Vá trabalhar, vagabundo!” E chegam a botá-lo para fora de casa.
Terá então sabido que existe o sexo. Que você tem um pênis ou uma vagina. Que há o tal de orgasmo, e que é assim também que se fazem os filhos.
Você encontrou uma sociedade já constituída, e um Estado. Está sujeito a ele, à polícia, ao patrão. A ordem é obedecer.
Há também o pecado e outras restrições. Ameaçam-no com o inferno. E há doenças inevitáveis, e o envelhecimento.
E você afinal morre, sem ter aprendido muito bem esta dura arte de viver.

                                              Annibal Augusto Gama

domingo, 20 de maio de 2018

Exercícios: Orações subordinadas adverbiais


Orações Subordinadas Adverbiais /Atividades

1-      Classifique as orações subordinadas adverbiais em: causais, concessivas, condicionais, finais, temporais, consecutivas, comparativas, conformativas e proporcionais.

a)      Não foi ao baile porque não tinha dinheiro.
b)      Embora estivesse doente, trabalhava muito.
c)      Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena. (F. Pessoa) 
d)      Trouxe o sapato e o traje para que ele experimente.
e)      Sempre que você vem, ela prepara a casa.
f)       Falou tanto que ficou sem voz.
g)      Ela era mais bonita do que a irmã.
h)      Tomou a medicação conforme o prescrito.
i)       À proporção que o tempo passa, tudo vai voltando ao normal.
j)       Como estava tarde não pude esperá-lo.
k)      Apesar de terem treinado muito, não venceram a competição.
l)       Se você estivesse lá, nada disso teria acontecido.
m)     Fiz tudo para que você voltasse.
n)      Assim que mudar a estação, sairei de férias.
o)      Argumentou brilhantemente, de tal forma que não ficou ninguém sem ser convencido.
p)     Você desenha tão bem quanto eu.
q)     Segundo fui informada, o show foi cancelado.
r)      Quanto mais falava, mais se confundia.
s)      Vamos acender a lareira, que a noite está muito fria.
t)       Mesmo estando muito atarefado, ele foi ao passeio.
u)      Caso você venha, deixarei a chave na portaria.
v)      Vigiai e orai, porque não entreis em tentação.
w)     Quando você voltar, estarei de braços abertos. 
x)      Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?
y)      Escreve tão bem quanto lê.
z)      A redação deve ser redigida consoante a norma culta da língua portuguesa.

Vamos educar!!: 19 Crônicas interessantes para trabalhar em sala d...

Vamos educar!!: 19 Crônicas interessantes para trabalhar em sala d...: